Cliente. Câmara Municipal de Fafe

Projeto. Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Fafe...

Ano. 2016

Descrição. As baixas densidades de ocupação, muitas vezes em territórios onde o crescimento urbano se deu de forma linear, muito baseado no traçado dos eixos rodoviários, dificultam a conceção e estruturação de uma oferta de transportes coletivos capaz de satisfazer as necessidades das populações.

Não menos relevante, no que concerne às opções de mobilidade tomadas pelos cidadãos mas também pelas políticas a desenvolver pelos decisores, é o facto da atual conjuntura económica nacional e internacional, por vezes com aumentos sucessivos dos preços dos combustíveis, orientar para a tomada de novas opções na estratégia de gestão da mobilidade, promovendo “novas” formas de mobilidade, tendencialmente mais sustentáveis.

Assim, surgiram consciencializações para o estabelecimento de uma nova cultura de mobilidade nas vilas e cidades, com a introdução de padrões de mobilidade sustentável, onde os modos suaves de deslocação se estabelecem como prioritários.

No seguimento destas novas tendências nacionais e internacionais, entende-se que o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável se consubstancia como um documento estratégico e operacional que serve de instrumento de atuação e sensibilização, que fomente a articulação entre os diferentes modos de transporte visando a implementação de um sistema integrado de mobilidade de uma forma racional, que permita diminuir o uso do transporte individual e, simultaneamente, garanta a adequada mobilidade das populações, promova a inclusão social, a competitividade, a qualidade de vida urbana e a preservação do património histórico, edificado e ambiental.

Fafe, em paralelo com panorama nacional, apresenta alguns fatores que contribuem para a degradação da qualidade do ambiente urbano, com um crescente congestionamento do trânsito e consequente diminuição da segurança rodoviária, apresentando frágeis condições de vivência urbana, diminuição das condições de circulação pedonal e ciclável, poluição ambiental. Estas problemáticas denotam-se, essencialmente, quer nos acessos, quer em termos de circulação de trânsito na cidade de Fafe, associada à reduzida oferta de estacionamento.

Também a crescente e exagerada utilização do automóvel individual nas deslocações diárias, tem contribuído, para uma imagem caótica e desordenada em alguns pontos da cidade no que diz respeito ao estacionamento, existindo elevada pressão em determinadas zonas da cidade e alguma anarquia na utilização do espaço pelos automobilistas.

A caracterização das deslocações ao nível dos modos suaves é hoje uma etapa relevante no contexto da gestão da mobilidade nas cidades contemporâneas. O município de Fafe não foge à regra. Como referido, o centro urbano de Fafe atualmente encontra-se saturado de veículos automóveis. Este aumento ao longo dos anos proporcionou um agravamento da poluição sonora e atmosférica e originou o congestionamento do espaço de circulação e de estacionamento, que se tornou cada vez mais escasso e caótico. As viagens a pé, em Fafe, representa um meio de transporte significativo, sendo as viagens de automóvel o mais utilizado. Contudo, a rede de percursos pedonais existentes apresenta alguma descontinuidade e falta de coesão, bem como constrangimentos entre o peão e o automóvel.

No que concerne à rede de ciclovias existentes na cidade de Fafe, verifica-se que existem diversas áreas que carecem de intervenção a este nível, pois a oferta existente possui reduzida capacidade de estímulo à utilização deste modo de transporte, em detrimento do automóvel. Face a este panorama acredita-se que Fafe possui uma elevada margem de progressão, considerando o território favorável para a utilização da bicicleta, mas sobretudo pelo gradual interesse da sociedade pelas deslocações em bicicleta.

De referir que em Fafe se verifica a presença de um percurso ciclável relevante, integrante da Pista de Cicloturismo de Guimarães – Fafe, nomeadamente em Infantas. A sua vertente lúdica, e a paisagem envolvente, faz deste espaço uma atração para os visitantes, contudo a sua preponderância para a mobilidade urbana do quotidiano é amplamente restrita e insuficiente.

Existe, pois, a necessidade de implantação de uma rede coesa e funcional de ciclovias deverá, não só, responder às necessidades lúdicas bem como responder às necessidades de deslocação diária dos residentes deste município, que poderão utilizar este modo suave de transporte nas suas deslocações pendulares.

A elaboração do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável de Fafe tem, portanto, como objetivos principais, norteadores do trabalho a desenvolver, os que de seguida se apresentam:

          Alcançar e construir uma visão integrada e relacionada do território, onde a ocupação e uso do solo, modos de vida, condição urbana, modos e recursos de transporte e deslocação se cruzam e interagem numa clara e coerente leitura da realidade e capacidade propositiva de um caminho a seguir;

          Racionalizar e rentabilizar recursos e modos já instalados, promovendo a transversalidade das abordagens sobre esta temática, seja ela geral e territorial ou específica e sectorial;

          Ler e interpretar criticamente a realidade hoje instalada, entendo o território construído e projetando conjunto de ações que favoreça, o incremento cívico e a pedagogia / sensibilização junto da população;

          Definir campos de atuação que se consubstanciam, de forma estruturada, numa sucessão de ações coerente e relacionadas e que ajudem à “pegada ecológica”, à qualidade de vida, redução de emissão de gases e correção de modos e hábitos hoje comumente aceites como dissonantes;

          Incorporar e entender a temática casa – trabalho – escola, hoje, uma das principais, senão a principal, razão pela qual o automóvel cresceu e possibilitar formar racionais de reduzir a pendularidade e fluxos sucessivos de automóveis que não favorecem a partilha dos veículos, dos esforços financeiros e da sobrecarga das infraestruturas instaladas no território;

          Desenhar um plano de comunicação e informação urbana que ultrapasse largamente a sinalética direcional e a sinalização de trânsito e que abarque formas de comunicação de mobilidades alternativas e complementares, que favoreça a sensibilização e educação da população, nomeadamente daquela mais jovem, e permita fixar o quadro de atuação comunicacional, a médio prazo, assertivo e coerente;

          Promover a interoperalidade entre os modos de transportes e o redesenho do espaço público respeitante á circulação em nome de um maior conforto no uso do espaço público;

          Interpretar criticamente a atividade económica instalada no território, compreendendo as suas necessidades, ligação às conexões supranacionais, cargas e descargas, necessidade de fluidez de tráfego, racionalização da atividade logística para que o movimento pendular e abrasivo do transporte pesado possa ser reequacionado e melhorado;

          Implementar fortemente modos suaves de mobilidade como expressão múltipla da vida urbana: trabalho, deslocações pontuais e genéricas, compras, encontro, lazer, etc.;

          Projetar um ambiente urbano incrementado na sua qualidade e fator distintivo de uma cidade que deseja ser capital europeia verde e que considera a mobilidade fator estruturante do caminho a seguir para atingir tal desiderato;

          Integrar e relacionar estudos, projetos e planos já elaborados ou em curso;

          Focalizar analítica e prepositivamente temas transversais como estacionamento automóvel, bicicleta, transporte público, …, enquadrando a realidade específica de cada um e de que forma podem interagir – exemplos, bilhética integrada, estacionamento e transporte para bicicletas, estacionamento periférico, park & ride, carsharing, entre outros.